quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"Socorro, o meu bebé não pára de chorar!"...

Os bebés choram. Ponto. Podem não ter fome, nem frio, nem calor, nem dor e chorar como se os estivessem a matar. Melhor do que tentar acalmá-los é tentar acalmar os pais.
Há várias teorias sobre as razões do choro do bebé. Sabemos que chora para reclamar algum desconforto: fome, frio, calor, cansaço, sede, etc. Mas, por vezes, mesmo com as necessidades básicas asseguradas, o bebé continua num pranto. E ninguém percebe porquê.
Em "O Grande Livro do Bebé", o pediatra Mário Cordeiro explica que os recém-nascidos «estão geneticamente suspensos no tempo, num qualquer ponto há largas dezenas ou mesmo centenas de milhar de anos», na chamada «sociedade de sobrevivência». Nesse tempo, diz o pediatra, «quando havia fugas e problemas, só alguns bebés eram levados: aqueles que demonstrassem ser mais fortes e nos quais merecesse a pena o investimento e o esforço de os levar». Os que choravam mais eram levados certamente pois demonstravam «a sua genica e a sua saúde».
Carlos Gonzaléz, pediatra espanhol, também culpa o instinto de sobrevivência por grande parte do choro dos bebés. Diz ele que os bebés começam a chorar assim que a mãe se afasta um segundo porque «é o comportamento que a selecção natural favoreceu durante milhões de anos». No livro "Besame Mucho", o pediatra explica: «Se um bebé permanecesse calado durante quinze minutos e depois começasse a chorar baixinho e apenas chorasse a plenos pulmões ao fim de duas horas, a mãe podia já encontrar-se demasiado longe para poder ouvir». O mais certo nessa altura, supõe o pediatra, era que fossem predadores, tais como hienas, a atender o bebé…
Michel Cohen, pediatra francês radicado nos EUA, fala num «estado adaptativo». No livro "The New Basics", explica que depois de estar nove meses num ambiente «perfeito», onde tudo era feito à medida do bebé, é natural que ele estranhe agora «as luzes, os sons, os toques, a fome». Durante este estado adaptativo, o bebé está a «aprender a lidar com um mar de informação» e com «a abundância de novas sensações». O pediatra defende que «para o recém-nascido, chorar é mais um mecanismo de alívio de tensão do que um sinal de desconforto».
Sheila Kitzinger, antropóloga e social, também considera que chorar é «a única maneira de descarregar a insuportável cumulação de tensão», que deriva dos novos hábitos e regras a que o bebé fica sujeito assim que deixa a barriga da mãe. «É a única maneira de os bebés se livrarem, quer da tensão que resulta do facto de serem imaturos e relativamente impotentes, quer das tensões culturalmente impostas», escreve no livro "Porque chora o meu bebé?"
Para Berry Brazelton, provavelmente o pediatra mais famoso do mundo, o choro dos recém-nascidos deve-se «sobretudo ao normal desenvolvimento do sistema nervoso», que está a aprender a auto-consolar-se e a organizar-se.
A par destas explicações, surgem as cólicas. O pediatra Luís Pinheiro, autor do livro "Manual de Instruções para Pais", acredita que para além de todas as razões possíveis, as cólicas e a flatulência, consequência de «o bebé não saber como fazer força para sair o cocó» são a principal causa das lágrimas sem fim que acompanham as primeiras semanas dos recém-nascidos. (...)

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