terça-feira, 24 de abril de 2012

A chegada de um irmão


E, de repente, o filho único percebe que o seu reino está ameaçado. A barriga da mãe não deixa dúvidas: vem aí um bebé, um irmão, um filho dos pais, um amigo, um rival, uma experiência científica, o seu próprio passado, o seu futuro filho. Segundo o pediatra Mário Cordeiro, na cabeça de uma criança, um bebé representa todos estes papéis. Uma carga muito grande para quem acaba de chegar ao mundo. Uma ansiedade ainda maior para quem tem de receber tanta gente numa só pessoa. 

Não há truques infalíveis. Cada família saberá a melhor forma de explicar o que se vai passar. Pediatras e psicólogos aconselham os pais a envolverem o filho na gravidez desde cedo: pedindo-lhe ajuda na escolha do nome do bebé, na decoração do quarto, na compra do enxoval, convidando-o a tocar na barriga e a falar para ela. Com o irmão cá fora, deve-se incentivá-lo a participar na muda da fralda, na troca de roupa, a brincar com ele. Os especialistas recomendam ainda que se reserve um momento do dia para dar atenção exclusiva ao filho que deixou de ser único: lendo uma história, fazendo um jogo, dando um passeio. Algo que qualquer pai e mãe adorariam, não fosse o facto de um recém-nascido exigir todo o tempo do mundo e mais algum. Mas o esforço compensa, garantem.


Ainda assim, cumprindo todos os cuidados, os retrocessos no filho mais velho são normais: mais birras, mais agressividade, mais pesadelos, mais chucha, mais chichi na cama. Há que ter calma e paciência, dizer-lhe que os pais continuam ali para ele, que gostam muito dele, que quando o irmão crescer vão poder brincar juntos e serem os melhores amigos. No princípio, o filho mais velho acha que é tudo mentira, queixa-se que o bebé «nunca mais cresce», que «não sabe brincar», encolhe os ombros quando as visitas perguntam se gosta do mano. Tão depressa lhe quer bater, como lhe quer dar abraços e beijinhos. Há medida que o tempo passa, as emoções acalmam. Assim que o bebé se começa a sentar, as brincadeiras tornam-se mais fáceis e é vê-los a toda a hora em demonstrações únicas de amor fraterno (incluindo muitas zangas, claro).

1 comentário:

Monica disse...

Gostei muito do artigo. Penso que a minha colega tambem vai gostar.
Na minha opiniao, depende da crianca e tb de cm os pais gerem a situacao.