sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ondulações de comportamento

Imagine as águas espelhadas de um lago. Aparentemente, tudo está sereno mas, de repente, sente-se uma perturbação à superfície e são visíveis ondas de choque que vão diminuindo à medida que se afastam do centro desequilibrado. O que terá sucedido? Uma pedra lançada da margem? O salto de um peixe ou de outra criatura das profundezas? Uma rajada de vento? Ou o conjunto de todas estas circunstâncias?

Quando se apercebem de alguma perturbação na forma de agir do seu fi lho – seja ela a repetição das birras, o uso constante do «não» ou um isolamento social tido como excessivo – muitos pais procuram uma origem única e até explicações patológicas para esse abalo. Esquecendo-se de que a complexa equação do comportamento humano é feita de inúmeros dados e incógnitas. E que, no caso das crianças, desvendar essa equação começa nos pais.

«Antes do mais, os adultos têm de compreender que grande parte do nosso comportamento tem por base o nosso temperamento e isso é válido em qualquer idade», começa por dizer a psicoterapeuta Ana de Ornelas. «Ao avaliarmos as expressões comportamentais das crianças, há que adaptar essa análise e as respostas ao conhecimento que temos, ou devemos ter, das suas características únicas», adianta. Por exemplo, uma fase de maior isolamento numa criança que é habitualmente tímida pode ter um significado diferente que o mesmo fenómeno numa outra criança mais aberta.

Estar atento e receptivo aos sinais que a criança dá – «desde que nasce» – e familiarizado com os traços que a definem é, por isso, meio caminho andado não só para conhecer a forma habitual de ela agir como detectar alterações. Que vão acontecer, mais tarde ou mais cedo. Se elas se tornam desafios a superar ou problemas aparentemente insolúveis depende de outro tipo de temperamento: o da família.

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