quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sentido de justiça aos 15 meses

Um bebé de 15 meses tem sentido de equidade e já é capaz de perceber se lhe serviram mais ou menos comida do que a outra pessoa. A noção de justiça surge muito mais cedo do que pensavam os especialistas, que já sabiam de estudos anteriores que, aos dois anos, as crianças conseguem ajudar-se e aos seis demonstram comportamentos justos.

Condutas morais, como o sentido de Justiça, nunca tinham sido identificadas tão cedo. Foram-no, agora, através de uma investigação de um grupo de peritos da Universidade de Washington, nos EUA, liderado por Jessica Sommerville, especialista em desenvolvimento infantil.
Durante a investigação, citada pelo Jornal de Notícias, foram analisados 47 bebés, todos com cerca de 15 meses, que ao colo dos pais assistiram a pequenos vídeos. Num dos filmes, é mostrada uma pessoa que divide uma taça de bolachas de forma equitativa por duas pessoas, primeiro, e de forma desigual, depois. No segundo vídeo, o procedimento foi o mesmo, mas com um jarro de leite.

Os investigadores tentaram perceber a que partes dos vídeos as crianças davam mais atenção. A partir de um fenómeno que se chama “violação da expectativa”, concluíram que os bebés fixavam-se mais naquilo que os surpreendia. «Olhavam com mais atenção quando um dos recipientes se enchia com mais bolachas ou com mais leite do que outro», explicam os investigadores.


VALOR DA EDUCAÇÃO


«É importante ter consciência do valor da educação moral nestas idades. Tanto os pais como os educadores devem ser sensíveis a esta vertente do desenvolvimento, neste caso, ao comportamento moral, de forma a que não tenham condutas injustas ou imorais, porque por muito que pareça que as crianças não se apercebem, elas são muito permeáveis desde cedo», explicou Valentín Martinez-Otero, psicólogo, pedagogo e professor na Faculdade de Educação da Universidade Complutense de Madrid.


As crianças com sentido de justiça mais desenvolvido são também as que têm maior facilidade em partilhar os brinquedos. Numa segunda fase da investigação, deixaram os bebés escolher brinquedos, para assim determinarem quais os seus preferidos. Depois, um desconhecido aproximou-se do bebé e pediu para pegar num dos brinquedos. Um terço dos bebés partilhou o brinquedo preferido, outro terço aceitou partilhar, mas um dos brinquedos de que menos gostava e os restantes recusou-se a dividir os brinquedos, “essencialmente devido à desconfiança causada pelo estranho”, adianta Jessica Sommerville.


Segundo a investigadora, os resultados obtidos demonstram que desde “muito pequenos há diferenças individuais relativamente a comportamentos morais, como o altruísmo”.
Após cruzarem os dados das diferentes fases do estudo, os peritos concluíram que “92% dos bebés que partilharam o brinquedo preferido (chamados de participantes altruístas) gastaram mais tempo a observar as distribuições desiguais de alimentos”. Pelo contrário, “86% das crianças que partilharam o jogo que menos gostavam (‘os participantes egoístas’) concentram mais a sua atenção nos momentos em que havia uma divisão mais justa”.

Sem comentários: