O problema é sério e preocupa: uma em cada três crianças obesas tem tensão arterial elevada, valores próximos dos registados entre a população adulta portuguesa, segundo um estudo que acompanhou, durante oito anos, cerca de meio milhar de crianças.
Responsável pela primeira consulta de obesidade infantil no país, Carla Rêgo decidiu fazer uma tese de doutoramento sobre os efeitos do excesso de peso nas crianças e encontrou dados “preocupantes”.
Durante oito anos, a pediatra acompanhou 563 crianças e adolescentes, entre os dois e os 18 anos, que frequentavam a consulta de obesidade infantil no serviço de pediatria do Hospital de São João, no Porto, e confirmou que mais de metade das crianças e jovens com excesso de peso vai continuar a sê-lo na idade adulta.
“Se não se reverter a obesidade infantil, as crianças poderão morrer mais cedo do que os seus pais”, alerta a especialista. Em 32 por cento dos casos, as crianças e adolescentes, “só pelo facto de serem obesas, apresentavam hipertensão arterial sistólica”, sublinha a investigadora, lembrando que estes valores estão próximos da prevalência da doença na população adulta portuguesa, que chega quase aos 40 por cento.
Carla Rêgo recorda que a obesidade infantil está associada, desde cedo, a vários problemas, como doenças ortopédicas, psicológicas ou hormonais. A especialista destaca, no entanto, três fatores de risco cardiometabólico: as alterações do perfil lipídico, da tensão arterial e do metabolismo da glicose e da insulina, com o risco de desenvolver diabetes.
“As crianças a quem são diagnosticados estes problemas têm maiores probabilidades de ter doença cardiovascular precoce, quando comparados aos que nunca foram obesos”, diz a especialista.
Metade das crianças avaliadas, com uma média de idades de 10 anos, apresentou pelo menos dois destes fatores de risco. Resultado: se não se reverter a obesidade, “a qualidade e esperança de vida destas crianças ficarão comprometidas, podendo mesmo resultar numa morte mais precoce que a dos seus pais”.
O estudo de Carla Rêgo mostra ainda que os mais pequenos são os mais obesos, o que faz pensar que a obesidade está a começar cada vez mais cedo nas crianças portuguesas. “As crianças que começam a obesidade nas idades mais precoces, aos um ou dois anos de idade, são as que apresentam maior magnitude de obesidade e maior gordura intra-abdominal, sugerindo maior risco de desenvolver as complicações cardiometabólicas", lembra.
http://www.paisefilhos.pt/index.php/actualidade/noticias/5601-obesidade-e-hipertensao-infantil-preocupam
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