Não existe um comportamento padrão que possa seguir-se, como receita para o sucesso, mas há diversos fatores a ter em conta que contribuem para criar bases seguras de partilha entre pais e filhos, durante o processo de comunicação da adoção. A idade em que a comunicação é iniciada é um fator decisivo e quanto mais cedo acontecer, mais fácil será de cada vez que o assunto é abordado durante o crescimento da criança.
Se este processo de comunicação se inicia em idade pré-escolar, deve ter-se em conta que a criança não entenderá a adoção em todas as suas dimensões. Assim, é natural que, nesta fase, a adoção tenha um significado pouco claro e que, por isso, a criança tenha uma reação positiva, tenda a aceitá-la sem muitas interrogações e repita a história contada pelos pais.
Em idade escolar, a criança possui já capacidade para analisar e refletir. Percebe a diferença entre adoção e nascimento biológico. Esta distinção tem reflexos a nível emocional e comportamental. Surgem dúvidas e conflitos que podem suscitar o sentimento de diferença ou de insegurança pelo abandono da família biológica. Tais reações são normais, mas esse sentimento de perda deve ser acompanhado por um ambiente familiar que assegure à criança que o vínculo à família adotiva é irreversível.
A adolescência é uma fase de construção da identidade. A capacidade para o pensamento abstrato abre caminho a dúvidas que são comuns a todos os adolescentes. No caso da criança adotada, talvez essas dúvidas necessitem de mais tempo para a procura da resposta e sejam acompanhadas por maior insegurança. Mais uma vez, a base familiar segura é fundamental. Uma atmosfera saudável, de empatia e compreensão, em que as linhas de comunicação permanecem abertas, propícias a perguntas. O esforço dos pais para se colocarem na perspetiva da criança é decisivo para a construção e crescimento de uma identidade saudável. Nesta, como em todas as situações, contar com a experiência de outros pais adotivos pode ajudar a tomar decisões mais acertadas.
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