Mais de sete milhões de euros estarão a ser gastos anualmente pelas famílias portuguesas no tratamento para piolhos, segundo estimativas de investigadores da Universidade Nova de Lisboa (UNL). Cerca de 30 a 50 por cento das crianças entre os três e os 12 anos estarão infestadas com piolhos, o que dá mais de 250 mil crianças, que precisarão de mais de 40 mil frascos de loções ou champôs para eliminar os parasitas.
«Os piolhos são um problema de saúde pública e de saúde individual frequente, transversal, com consequências e com um peso económico nos serviços de saúde e nas famílias», concluem Ana Vieira, Andreia Martins, Anna Knoch, Jorge Pimenta e Sara Vilas-Boas, da Faculdade de Ciências Médicas da UNL. Através de mais de 1000 inquéritos feitos este mês, os investigadores concluíram que ainda há muito desconhecimento sobre este parasita que se alimenta de sangue humano. Apesar de o piolho não escolher idades, classes sociais, etnias ou géneros, 88,9 por cento dos inquiridos afirmou que a população tem vergonha de dizer que tem piolhos.
Um terço ainda atribui os piolhos a classes sociais mais baixas e nove por cento julga que estão ligados a falta de higiene, mesmo quando estes parasitas preferem cabelos limpos e bem tratados, assinala o estudo. Existe também desconhecimento quanto à janela de contágio, que pode ser de cerca de um mês antes de os sintomas aparecerem. Do ponto de vista da presença e tratamento, só metade dos inquiridos assinalou a opção correta: usar um pente de dentes apertados.
Os autores avisam até que o tratamento farmacológico não está isento de risco, além de poder causar resistência do piolho: «A opção do uso do pente é uma forma eficaz de tratamento», sugerem. Mais de 70 por cento considerou ainda que lavar a cabeça é prevenção e 22 por cento dizem que rapar o cabelo é uma possibilidade – duas opções erradas, diz o estudo.
Os investigadores sublinham também que a infestação por piolhos pode ter consequências, como lesões de coceira, mau dormir e insucesso escolar.«O piolho pode ser erradicado porque o único hospedeiro é o homem», conclui a análise.
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