quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Banho ou não, eis a questão


É um dos momentos altos do dia do bebé e dos pais. Descontrai toda a gente e cria laços de amor. Mas há quem defenda que não é necessário dar banho todos os dias.
Seja pela fresquinha, de manhã, ou ao final da tarde, quando o descanso noturno se aproxima, o banho é uma das rotinas mais importantes dos dias de bebé. Para além das questões de higiene, é entre água tépida, produtos, esponjas e toalhas suaves que acontecem momentos preciosos de contato pele com pele, massagens, mimo, amor.
«O momento do banho deve ser único e mágico», considera Maria João Palaré, para quem «esta deve ser a altura em que ele relaxa» e dilui tensões. Para a pediatra do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, é importante fazer desta uma ocasião diária. No entanto, a opinião não é partilhada por todos os profissionais de saúde. Há quem defenda que, enquanto o bebé não gatinha – não contactando, por isso, com superfícies pouco limpas – não é necessário entrar na banheira todos os dias. Tudo em nome da preservação do equilíbrio da pele, em especial da camada lipídica, ou de gordura, que a hidrata e protege.
«Não vem mal ao mundo se o bebé pequenino não tomar banho todos os dias», afirma a dermatologista Leonor Girão, ressalvando, porém, que a higiene deve ser mantida permanentemente, em especial na zona da fralda, cara, pescoço, axilas e mãos. «A área genital, para além de estar em oclusão, isto é, tapada pela fralda, cuja composição para evitar fugas não deixa a pele respirar, também se encontra em contato permanente com urina e fezes. Por sua vez, Maria João Palaré recorda que «por vezes, umas fezes mais ácidas ou em contato mais prolongado com a fralda molhada são responsáveis por lesões localizadas». O mesmo acontece nas dobras de pele, os chamados «refegos», nos quais a transpiração pode criar um caldo de cultura para desequilíbrios da epiderme.
Na limpeza destas áreas, as toalhitas, sem perfumes ou colorações, são uma opção prática, mas podem ser substituídos por compressas embebidas em água morna, em especial se a pele não tiver sujidade sólida ou apresentar irritações.
Um outro ponto que divide opiniões é a aplicação de creme ou pasta de cada vez que a fralda é mudada e nos casos em que a pele não está lesionada ou inflamada. «As dermatites da zona da fralda são importantes e não devem ser consideradas como situações normais. A melhor prevenção passa pela manutenção de uma pele limpa e seca», defende a pediatra, adiantando que «em peles suscetíveis, pode utilizar-se um creme hidratante protetor, aplicando uma camada fina bem espalhada». Leonor Girão reforça esta ideia: «não é necessário deixar uma grande quantidade de produto na pele, até porque pode ser contraproducente. Mas uma barreira que impeça a sujidade de contar a epiderme faz todo o sentido».
Rápido e suave
Diário ou não, é importante que o banho não seja muito prolongado. A pele do bebé «é mais sensível à luz e calor e com menor capacidade de termorregulação», diz Maria João Palaré. Tal significa que o corpo arrefece muito mais facilmente. Por outro lado, «por ser mais fina e frágil, tem maior capacidade de absorção, seja de substâncias tóxicas ou não». É por isso que os produtos a utilizar devem ser escolhidos com cuidado. «É importante que retirem as impurezas da pele, mas que não tenham uma ação detergente excessiva, ou seja, que respeitem a película de gordura necessária à saúde da epiderme», realça Leonor Girão.
Perante as inúmeras ofertas nas prateleiras de farmácias e grandes superfícies, a dermatologista da Clínica White deixa alguns princípios que podem orientar a escolha. «É importante que tenham um pH de 5,5, ou seja neutro, e sejam compostos pelos chamados ‘syndates’, isto é, detergentes sintéticos especialmente concebidos para retirar apenas o que está em excesso». De forma a garantir estas duas características, a especialista recomenda ler atentamente a composição e, em caso de dúvidas, falar com o pediatra. Por outro lado, «nos primeiros meses, um só produto é mais do que suficiente para o corpo e para o couro cabeludo», considera. Por seu lado, Maria João Palaré realça que «a utilização do mesmo produto de higiene evita que a pele se adapte às várias combinações de ingredientes dos diferentes produtos».

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